A Semiótica Social foi desenvolvida por Hodge e Kress em 1988 e tem como objeto de estudo a comunicação e a semiose humana, isto é, o processo de produção de sentido. A Semiótica Social é uma abordagem que investiga diversas características inerentes ao processo de construção de sentido, como o modo de comunicação (fala, escrita, imagem e outros) e os recursos semióticos (gestos, tom de voz, cores, texturas, tamanhos, entre outros) presentes no texto. A partir dos estudos da Semiótica Social os teóricos Kress e Leeuwen desenvolveram a Gramática do Design Visual (Reading Images: the Grammar of the Visual Design, 2006) em que discorrem sobre as bases para uma análise de imagens. A proposta desta atividade é utilizar os conceitos da Gramática do Design Visual e analisar um anúncio publicitário encontrado em um ponto de ônibus da cidade de São Paulo.
Aqui analisaremos duas categorias: categoria dos participantes, categoria da composição espacial do significado. A categoria dos participantes explicita os atores sociais do texto, as vozes sociais presentes no texto; e a categoria da composição espacial do significado mostra como a disposição espacial dos objetos no texto interferem na construção de sentido.
Em relação à categoria dos participantes encontramos como participantes representados o rapper Thaíde, o mosquito da dengue e a prefeitura de São Paulo. A prefeitura de São Paulo é representada pelos textos verbais e não verbais nos cantos inferiores direito e esquerdo do anúncio, que mostram que o conteúdo é de interesse da prefeitura e que a voz da prefeitura da cidade está presente no texto como um todo. O mosquito da dengue é representado pela imagem do próprio mosquito em que ele está na mira, mostrando que este participante é o que está sendo combatido. O rapper Thaíde é a voz que interage com o viewer, com uma mão apontada para o olho que é comumente utilizada como as expressões "estou de olho" ou "preste atenção" podendo ser uma referência às duas expressões ao mesmo tempo, e a outra mão apontada diretamente para o leitor representando uma interação direta entre o participante representado e o próprio leitor. Ainda na questão da interação texto/leitor nota-se que o participante representado olha diretamente para o leitor, esse olhar direto é classificado como demanda e representa uma relação de igualdade entre o participante representado (o rapper) e o participante interactante (o leitor).
Quanto à categoria da composição espacial do significado temos duas subdivisões: valor da informação e saliência. No valor da informação, percebemos como a disposição dos elementos influencia na construção de sentido, essa interferência pode ser melhor compreendida pela figura a seguir:
Como pode ser visto na figura acima, as informações consideradas ideais são postas na parte superior, enquanto as consideradas reais são colocadas na parte inferior. O ideal seria a ideia idealizada, por vezes, considerada superior dependendo da intenção do autor, já o real é a ideia mais próxima da realidade do leitor. "FIQUE LIGADO CONTRA A DENGUE" e "Vamos acabar com os focos do mosquito" são os textos colocados na parte superior de forma centralizada o que significa que são informações que representam o "mundo ideal" e são informações relevantes, importantes para o leitor. O fato da imagem do mosquito da dengue na mira estar no lado superior esquerdo revela que é, também, uma idealização e, ao mesmo tempo, uma informação que o leitor já possuía previamente. A frase "FIQUE LIGADO CONTRA A DENGUE" está escrita em letras maiúsculas para chamar a atenção do leitor para essa sentença, enquanto "Vamos acabar com os focos do mosquito", mesmo sendo uma informação relevante, fica em segundo plano. As informações da prefeitura de São Paulo são encontras da parte inferior do texto por serem informações mais próximas à realidade do leitor. O rapper Thaíde encontra-se centralizado porque a sua interação com o viewer é importante para a transmissão da mensagem de combate à dengue.
No quesito saliência, a projeção em primeiro e segundo plano se faz presente neste anúncio. O rapper, posicionado em primeiro plano, é colocado como foco de atenção, enquanto a imagem de segundo plano (a imagem de uma casa, representando o lar dos cidadãos) é colocada como contextualização, aproximando o leitor do anúncio, mostrando que a casa pode ser um foco do mosquito da dengue.
Esta análise é apenas superficial, porém há ainda outras questões a serem analisadas nesse mesmo anúncio (como a escolha das cores, por exemplo). No entanto, acredita-se que esta esteja de acordo com os objetivos propostos para a atividade e procura-se não se estender mais.
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