Irene do Céu Vieira Lisboa nasceu em 25 de dezembro de 1892 em Arruda dos Vinhos. Foi uma escritora, professora e pedagoga portuguesa formada pela Escola Normal Primária de Lisboa (grande referência na formação de professores do ensino infantil durante a segunda metade do século XIX e início do século XX) e fez estudos de especialização pedagógica na Suíça, na França e na Bélgica. Durante sua estadia em Genebra, conheceu Jean Piaget - renomado psicólogo no âmbito de desenvolvimento e aprendizagem - com quem estudou junto no instituto Jean-Jaques Rousseau.
Foi professora do ensino infantil e, em 1932, recebeu o cargo de Inspetora Orientadora desse grau de ensino. Depois foi afastada para funções burocráticas, até que, por fim, em 1940, foi definitivamente afastada do Ministério da Educação e de todos os cargos oficiais por recusar um lugar em Braga, que era, na prática, uma forma de exilar uma pedagoga que incomodava com suas ideias à frente de seu tempo.
Irene utilizou alguns pseudônimos, sendo João Falco um dos mais relevantes, o qual abandonou no início da década de 1940. Iniciou-se na literatura em 1926 com a publicação de Treze Contarelos, um livro de contos para crianças. Autora de uma vasta obra que se estende entre ficção intimista e autobiografia, novelas, contos e poesias, escreveu tanto para adultos quanto para crianças não chegou a atingir o gosto do público. No entanto, entre suas escritoras contemporâneas, é quem recebeu o maior reconhecimento da crítica, nomeadamente José Régio, João Gaspar Simões e Vitorino Nemésio - grandes nomes do Presencismo (segunda fase do Modernismo em Portugal). Também é considerada autora da segunda fase modernista portuguesa, assim como os grandes nomes citados anteriormente, mas sua obra não possui tanto reconhecimento. Foi, também, colaboradora assídua na revista Seara Nova.
Na poesia, a escritora tem seu primeiro livro publicado em 1936 com Um dia e outro dia, e, em 1937, há a publicação de um segundo livro de poemas Outono havias de vir. Uma grande característica da escrita de Irene é a oralidade presente em todos os gêneros que escrevera, adaptando-se à forma de cada gênero e sempre muito trabalhada. Um tema recorrente em suas obras é o cotidiano, sempre muito bem trabalhado, assim como a oralidade tão característica de suas criações.
Massaud Moisés, em A Literatura Portuguesa, caracteriza os escritos pedagógicos de Irene como sendo "instilados de seriedade e combatividade" e diz que ela empresta sua vibração aos seus poemas. É considerada por ele "um dos mais altos valores da Literatura Portuguesa da primeira metade deste século [XX]".
Irene Lisboa faleceu em 25 de novembro de 1958, um mês antes de completar 66 anos, e marcou a Literatura Portuguesa, embora suas contribuições, no geral, apenas sejam reconhecidas por estudiosos da literatura.
- Texto por Letícia Oliveira.
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