A Linguística é a ciência que estuda a língua e é comum ouvir que Saussure é o pai dessa ciência. Essa afirmação baseia-se no fato de que Saussure foi responsável por sistematizar os estudos da linguagem em sua obra que foi postumamente publicada "Curso de Linguística Geral". E é a partir dos estudos de Saussure que a Linguística passa a ser considerada ciência. No entanto, o interesse em estudar a linguagem muito mais antigo.
A obra de Ferdinand de Saussure separa a Linguística em três fase antes de reconhecer o verdadeiro e único objeto: a Gramática, a Filologia e a Gramática Comparada.
A Gramática é uma visão bem antiga do estudo da língua. Por volta do século IV a.C., os gramáticos hindus, depois de estudarem a linguagem a fim de preservar textos sagrados, dedicaram-se a descrever minuciosamente sua língua, através de modelos de análise que só foram descobertos pelo Ocidente no final do século XVIII.
Para Saussure, a gramática é uma disciplina normativa baseada na lógica, desprovida de qualquer visão científica e afastada da pura observação. E, a partir de uma visão forçosamente estreita, visa unicamente formular regras para distinguir as formas corretas das incorretas.
A Filologia é o estudo da linguagem através de fontes históricas escritas e tal movimento foi criado por Friederich August Wolf em 1777. Saussure afirma que a língua não é o único objeto desse estudo porque objetiva fixar, interpretar e comentar os textos, o que o leva a ocupar-se também da história literária, dos costumes, das instituições etc.
O método filológico é a crítica e o objeto são os textos escritos. Uma falha da Filologia, nomeada por Saussure, é o fato de desconsiderar a fala de seus estudos por ser muito apegada à língua escrita. Para o linguista, os estudos filológicos ajudaram a preparar a Linguística Histórica.
A Gramática Comparada também recebeu o nome de Filologia Comparativa e teve início depois da percepção de que as línguas poderiam ser comparadas entre si. Em 1826, na obra "Sistema de Conjugação do Sânscrito", Franz Bopp estudou a relação entre o sânscrito e o grego, o latim, o germânico e o persa. Atualmente, essa obra é considerada o marco do surgimento da Linguística Histórica.
Saussure afirma que Bopp não foi o primeiro a evidenciar tais afinidades e a admitir o parentesco dessas línguas. O orientalista inglês W. Jones já havia feito isso antes. O mérito da descoberta do parentesco do sânscrito com certos idiomas da Europa e da Ásia não pertence a Bopp, no entanto, foi ele quem compreendeu que as relações entre as línguas afins podiam tornar-se matéria de uma ciência autônoma.
Ao lado de Bopp, surgiriam diversos estudiosos. No entanto, a visão de Saussure considera que o fato de não haver preocupação com a definição de seu objeto de estudo não constituía a verdadeira ciência Linguística. Além de apresentar um método exclusivamente comparativo que acarretava todo um conjunto de conceitos errôneos.
A Linguística não era autônoma, submetia-se às exigências de outros estudos, como a lógica, a filosofia, a retórica, a história ou a crítica literária. O século XX foi um marco para os estudos linguísticos, o caráter submisso dos estudos da língua foi substituído por um caráter científico, expresso pela observação dos fatos de linguagem.
- Texto por Letícia Silva.
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